
No Jornal Hoje, uma reportagem me chamou atenção. Um bebê de 20 dias morreu à espera de uma cirurgia cardíaca num hospital de Goiás. Os médicos suspenderam operações por não concordar com os valores pagos pelo SUS. Bruno, o filho de Cristiane, tinha 20 dias e estava internado na UTI desde a semana passada. O menino precisava de uma cirurgia cardiovascular por causa de um desvio na aorta. Como o caso era de urgência, os pais do bebê esperavam que a cirurgia fosse feita pelo Sistema Único de Saúde, mas ouviram outra resposta. “Simplesmente não tem atendimento, não tem atendimento", revela o pai do bebê.
No final do ano passado, 20 médicos que fazem parte de uma cooperativa de cirurgiões cardíacos de Goiás pediram descredenciamento do SUS. Os médicos não aceitam o valor pago por cirurgia: R$ 894 para a equipe de cinco profissionais. Querem o que está na tabela da associação médica brasileira, cerca de R$ 6 mil. Sendo assim o único médico que atende pelo SUS e não é associado à cooperativa não tem especialização em cirurgia pediátrica.
O Ministério da Saúde considera que os interesses de uma classe profissional não podem se sobrepor à vida dos pacientes. Informou ainda que está em negociação com a sociedade brasileira de cirurgia cardiovascular e que a proposta apresentada pelos médicos está sendo analisada.
E enquanto isso às familias sofrem com a perda de seus filhos por um capricho ou por dinheiro?
Acredito que todos merecemos bons salários, sim. Mas deixar de salvar uma vida por um aumento? Acredito que isso não seja considerável, isso não seria um crime?
Sobre a situação da cirurgia cardíaca no estado
ResponderExcluirAté dezembro último Goiás era o 4° estado em número de cirurgias cardíacas no país , tendo no hospital da criança entre os 10 centros de cardiocirurgia da Ámerica Latina, hoje o serviço esta desativado.Houve tentativa de cirurgia em uma criança no hospital Materno Infantil que resultou no óbito da mesma, algumas crianças foram encaminhadas a São Paulo e a resposta foi de que a espera seria de 2 anos, pois São Paulo também tem milhares de crianças a espera, e a fila é crescente por falta de profissionais habilitados (cada vez menos profissionais se especializam na área devido a baixa remuneração)
O que acontece é que houve descredenciamento dos cirurgiões e suas equipes do SUS por não mais aguentarem a baixa remuneração, sendo os mesmos prestadores de serviço ao poder público não sendo e não tendo qualquer vínculo empregatício.
A saúde é obrigação do estado e direito de todos,durante meses os cirurgiões estão tentando o diálogo, porém sem sucesso. Para que a cirurgia cardíaca tenha sucesso é necessário um conjunto de profissionais não apenas o cirurgião, além de recursos técnicos e operacionais , não é somente, operar e ir embora deixando o paciente a própria sorte. Entre estes profissionais é primordial o perfusionista, que é o especialista em orgãos artificiais Goiás conta com apenas 2 profissionais habilitados para tal ato. Hoje apenas um serviço esta funcionandao para todo o estado , com uma taxa de mortalidade e morbidade absurda por meio de relatos de pessoas que tiveram seus parentes operados neste ano (não há registro de que haja especialista neste hospital).
Concordo com o juramento de não causar dano ao próximo mas o cirurgião não é deus, para se ter uma idéia o SUS não remunera a instrumentação cirúrgica que também é peça chave na cirurgia e o mesmo cirurgião tem de tirar de sua remuneração, com um detalhe, uma cirurgia pode durar até 12 horas e pela tabela SUS o perfusionista como exemplo recebe R$ 60,00 BRUTOS, incide ainda impostos e ausência de 13° salário , férias, licença médica etc...
Os profissionais tem as mesmas necessidade de um cidadão comum e a situação chegou onde chegou, pois durante 2 anos se tentou um acordo com a secretária municipal e nenhum sinal de boa intenção foi dado para resolução do impasse.Pergunto então: Um empreiteiro cobra menos por seus serviços quando asfalta um bairro, que também e necessidade básica ou um cantor nas inúmeras inaugurações de obras faz o show gratuitamente por ser o poder público o pagante ? O judiciário não é remunerado quando presta serviços a população ?
A questão não é meramente financeira, uma boa assistência a saúde é feita com bons profissionais e bons recursos técnicos de pessoal e financeiro.
Com isto vidas estão sendo ceifadas e o sangue de inocentes mancha os nossos gestores públicos.
Dr Jeffchandler B Oliveira
Presidente da Sociedade Brasileira de Circulação Extra Corpórea
Olá Dr.,
ResponderExcluirEu acredito que o maior desencadeador de processos é a degradação da relação profissional-paciente. Isso ocorreu, notadamente, em decorrência da massificação das relações entre o profissional e o paciente. Para alcançar uma remuneração adequada, o médico se vê obrigado a atender cada vez mais pacientes em um espaço de tempo cada vez menor.
Mas não é só a perda da qualidade da relação profissional-paciente que acarretou o aumento do número de ações contra profissionais da medicina.
A partir de hoje vou abordar o direito do paciente e do médico em especialidades ou em situações especificas como, por exemplo, os pacientes em estado terminal. Você sabe os direitos dele e da sua família?
O problema é que o profissional não tem a assistência necessária e conseqüentemente o paciente acaba pagando por isso.
Por isso volto a dizer além de as exceções de profissionais despreparados tem a questão administrativa do governo, de hospitais, clinicas, etc.
Então entendo sua posição Dr., mas para você qual é a solução?